domingo, 24 de março de 2013

O Que Temos, Lembro: Resenha Crítica do curta-metragem O Que Lembro, Tenho, de Rafhael Barbosa.

Permitam-me escrever em primeira pessoa.
Devo concordar desde já com a crítica, de que a equipe de Rafhael Barbosa filma em HD como em 35mm; que sirva de lição para os demais realizadores, ao menos desta possibilidade. O filme como um todo é muito bem realizado, inclusive o som, que chama atenção tecnicamente, sabendo-se que estamos em uma estado periférico, como o de Alagoas, no qual os recursos e formação tendem a ser mais precários do que em grandes centros, o que demonstra que com bastante boa vontade, e uma boa dose de experiência, podemos realizar boas obras cinematográficas no que se refere à técnica, bem como à estética, o que tentaremos defender em seguida.
O contexto de nosso estado - em termos de finaciamento público para o desenvolvimento de bens imateriais, como é o caso de um filme - reflete a conjuntura subdesenvolvida social (e por isso cultural) e econômica, na qual o disparate social e a concentração de renda se mostram ainda mais evidentes e acentuados do que em outras regiões ou estados brasileiros. Assim, tratar a cultura de modo geral como eternamente amadora, e com a disposição de recursos beirando a caridade, demonstram uma mentalidade ainda retrógrada por parte das grandes empresas e governantes instalados em Alagoas. A proposta, por mais exaustiva que seja, é o da luta coletiva e cultural, a partir da realização de produtos culturais e obras artísticas com apuro técnico próximo da perfeição, e a qualidade estética requintada, como é o caso do filme O Que Lembro, Tenho.
A narrativa do filme, mais do que dramática, poderia ser classificada como lírica, sem maiores controvérsias, pois o "drama" que move o filme e impulsiona a narrativa não é de modo algum concentrado nas ações das personagens, mas sim pela subjetividade de Maria, a idosa com poucos referenciais "realistas", com todo peso pejorativo que esta palavra poderia se referir. Pois é evidente que há uma humanidade latente entre o quadro de esquecimento e desorientação de Maria, e seu acolhimento por parte de sua filha, Joana, que resplandece um sofrimento contido. Aliás, a atuação das duas atrizes, Anita das Neves (Maria), e Ivana Iza (Joana), são sublimes, do ponto de vista da atuação que mais do que ser - mais uma vez - "realista", são tocadas e motivadas pela atmosfera psicológica e emocional das personagens, o que de fato ajuda a construir personagens "verossímeis e necessários", como clama a dramaturgia clássica, desde Aristóteles.
Ao imergimos na subjetividade de Maria, depois do contraste das paisagens naturais (e bucólicas), das primeiras cenas, compartilhamos de sua claustrofobia urbana, e sua perda de um lastro psicológico e existencial (pós-moderno?), acarretado por esta fase de sua vida, que é a velhice. A performance de Anita das Neves - que diga-se de passagem, não é atriz profissional - é sublime, sensível, sutil. Mais do que texto verbal (improvisado pela atriz), mais do que meras expressões faciais ou corporais (caras e bocas), conseguimos enxergar sua alma (que ela nos empresta tão docemente). O tom de voz, as situações em que mãe e filha se colocam e partilham, nos dão a atmosfera tonal (eisesteiniana) da narrativa, cujos conflitos essenciais estão centrados na percepção e na subjetividade das personagens, e nos levam a beirar a vivência de uma situação surrealista (no bom sentido), sutil e sensível, mais pela percepção e vivência onírica das personagens, do que por possíveis delírios ou alucinações que um leitor menos avisado poderia esperar.
Neste sentido, o autor, o cineasta Rafhael Barbosa, roteirista primeiro, e diretor principal da obra, traz à tona sua habilidade - talvez ainda inconsciente, latente - de elaborar dramas alegóricos e contemplativos. Alegóricos porque a linha "evolutiva" da ação não é completinha, linear, nem auto-explicativa, mas se "explica" muito com o pouco que é mostrado, deixando lacunas que o espectador irá preencher através de suas vivências e experiências pessoais e familiares (isto talvez explique o esplendor da atuação de Anita das Neves), e a sensibilidade do roteiro e do filme como um todo, para nós, habitantes do nordeste, mesmo que urbano, brasileiros, que costumamos cuidar de nossos parentes mais idosos em casa, e não em um asilo, como é habitual em países "desenvolvidos" (leia-se capitalistas), e com forte influência protestante. Contemplativo, pois com silêncios, ruídos, músicas, e diálogos tão bem situados, nos traz uma leveza e profundidade emocional simutâneas, como grandes obras universais nos trazem (mais do que uma explosão supeficial de emoções menos profundas). Esta estética nos faz refletir sobre nossos valores, hábitos, sentimentos, especialmente no que se refere à família, e à vida humana do ponto de vista da natureza, mais do que pelo âmbito da cultura, o que filosoficamente se evidencia que tal "cultura" é uma contingência histórica, como a que Maria e Joana têm de enfrentar, sem que se perca o sentimento maior que as une até o fim: o Amor.

por Tiago Penna (Professor de Filosofia, e Cineasta nas horas vagas).

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A usina de Belo Monte

Texto originalmente escrito para postagem no YouTube, impedida pela imposição de limite de 500 caracteres. Como se houvesse caráter no mundo virtual.


O povo brasileiro, e seu fanatismo cego.





Lula era analfabeto e parecia ser bem intencionado (apesar da ignorância). Já Dilma é estudada; portanto isto é imperdoável. Enquanto isso as instituições cristãs apregoam o "progresso" positivista e capitalista. O Jesus que eu conheço não discriminava putas, ladrões, aidéticos, homossexuais ou índios. O povo brasileiro vive numa eterna cegueira gerada pela alienação do sistema capitalista ("perfetio e eterno"), enquanto aprende a sentir com os melodramas romanticizados e burgueses que pertence ao nosso senso comum que "pensa": "Ah, é assim mesmo. Não posso fazer nada. Nós sofre mas nós goza.". Os maconheiros por sua vez pensam em dilatar a mente, e ficam ruminando suas energias numa perspectiva criminosa de pseudo-transgressores-da-lei-acomodados. Os acadêmicos intentam em engordar o seu currículo lattes, e disputam verbas e prestgígio do mundo da fantasia. Os artistas pensam que são livres, gênios inspirados, ou seres iluminados que gozam enquanto produzem suas "belas artes". Os cientistas calculam como podem ingenuamente lucrar ou dar "ordem e progresso" para o planeta. Onde está nossa Humanidade. O que é humanidade. Os filósofos diriam que são seres superiores, dotados de "razão". Ver isso e não sentir, perceber, ficar constern ado, indignado, triste, melancólico, é assumir sua alienação de brasileiro enquanto brasileiro. Já que os portugueses "acharam" o Brasil, e todo nosso sistema ético-jurídico-político moral permite a mortandade do verde, do meio ambiente, de nossos irmãos indígenas, que estão mais uma vez sendo massacrados diante de nossos olhos, para evitar "apagões", para que a gente conitnuue com nossa masturbação virtual em nossas redes de "relacionamentos" da puta que lhes pariu.

http://www.youtube.com/watch?v=ZmOozYXozb8&feature=share


Não assista, veja. Não olhe, enxergue.
Não Sinta, Perceba.
Não Pense, Reflita.



Não chore, simplesmente. Conecte-se com seus sentimentos mais profunndos.
i.e.

 Sua alma.






segunda-feira, 7 de março de 2011

Saco cheio.

Saco cheio de ser assim. Voz dissonante no deserto... Talvez lá fosse melhor. Fazer o mesmo percurso no mesmo horário, consumir os mesmos sabores, pra tentar fazer diferente. Uma boa aula de filosofia, por exemplo. Dizem que quem faz filosofia, ou tem um diploma disso, pensa. Das duas uma: ou todos nós pensamos, e não precisamos de um curso de filosofia, ou vivemos num antro de hipocrisia, e ninguém quer pensar, quer apenas ouvir o que já acredita, o que já "sabe" (já que sabedoria hoje em dia é "saber o que se sabe"). Ninguém tá ali pra aprender, mas pra tirar nota, e angariar um diploma "honestamente", na maioria das vezes. Mas na minha pouca e limitada percepção filosófica, o curso de filosofia deveria ser um curso diferente. Não deveria ser chamado de "ciências humanas", nem de "arte", nem de "educação", mas de "Filosofia". Todo mundo filosofa, querem defender. Afinal, nossa vovó filosofa (não que ela não tenha sabedoria prática através da experiência de vida), a galera da half filosofa (como ninguém, cada insight, basta ver sua produção literária), os amigos do boteco filosofam (basta ouvir as teorias inúteis), nossos ídolos arteiros filosofam (afinal só faz arte quem nasce assim, com um "dom divino"), afinal, todo mundo filosofa. Mais um motivo para extinguir o curso de filosofia. Nossa população pensa por si mesma. É só verificar suas ações, seus gostos, seus valores, suas teorias. Não. Um bom pesquisador de filosofia decora bem o pensador histórico, veste camisa, levanta bandeira, e vai revolucionar o mundo. Eis o motivo de tanta guerra e discórdia no mundo. Liberdade igual transviadagem. Ética igual reacionarismo. Metafísica igual ilusão. Arte igual um suspiro acompanhado de um gozo. Política igual a depredação. Epistemologia igual a vadiagem. Estética igual a um estilo de vida. Não, não é assim que se ensina filosofia. Mas é assim que se aprende. Essa é a prova cabal de que não existe filosofia no Brasil. A culpa tasvez esteja na herança genética daqueles lacaios famosos que em nome de riqueza material vieram colonizar os habitantes naturais desse país. E ninguém olha por eles. Atenção: eles somos nós. Nós não somos "aqueles". MAs sim os filhos bastardos destes, com aqueles outros. É. Só nos resta a imaginação. Para que possamos delirar, e acreditar que a nossa alucinação é real. Que o nosso país é próspero, ordenado, e progressista. Que aqui se faz ciência de ponta (não seria o preço da mão de obra?), que nossa cultura é democrática e criativa (cada chiclete jogado na rua que cola no nosso calçado), que temos liberdade religiosa, e que por isso nos respeitamos fidedignamente, que o nosso senso comum também não tem uma grande parcela de maldade (leia-se corrupção), e que aprendemos a filosofar no Brasil. Talvez seja possível. (Digo isso como uma opinião pessoal baseada na observação.) Mas apenas em casos de auto-didatas, que não aceitam incondicionalmente nem excluem o academiciscmo, e que portanto não tem um ídolo ou mestre a seguir. Apenas sua própria consciência. "Mutável, sim, mas sob uma certa lógica ordenadora", como disse o famoso, ignoto, obscuro, e mal entendido Heraclito (assim mesmo, sem acento). É essa consciência (própria) que é o objeto de estudo da filosofia. É isso que ninguém entende. Nem o pós-doutor que se formou na Europa (continental ou insilunar), ou seja aquele graduando que está vendo uma nova realidade a cada dia, e que portanto está vislumbrado com tanta novidade, que não consegue agrupar seus estímulos e sensações numa só cabeça. Daí porque se defende tanto a falta de sentido em tudo o que existe (o que está na moda). Aliás, deve ser por moda, nada mais do que isso, que alguém se inscreve no vestibular de filosofia. Muita gente pensa (e é bem sucedido assim), que filosofia basicamente se resume a ler e escrever. Digo e afirmo: filosofar é por tudo em xeque. Inclusive a nós mesmos, nossa humanidade, nosso mundo social e afetivo. E conseguir tirar uma conclusão contundente após esta dúvida (se verdadeira). Aí está a a verdade da filosofia. Afirmar o que já se sabia, ou renegar o que não é cabível concordar, isso mais uma vez é modismo. Rasgar roupas, e destrinchar os cabelos? É moda. Para ser mais pontual: é a anti-moda, o que não deixa de ser moda. A contra-cultura, tão venerada, é também consolidadora de uma gama de valores condicionantes e portanto acomodantes em nossas vidas. Apenas é um estilo de vida ainda não hegemônico. Nada mais. Ouvir o legítimo rock n' roll, por exemplo, e desprezar a pop art, é como alguém que ouve sertanejo, ou quem sabe axé, e renega o rock. Quem faz filosofia deveria ver o que está por trás das coisas, sua essência, sua ideia subjacente. Assim veria que não existe tanta diferença assim em ser ateu convicto ou crente fanático. A postura mental é a mesma. É essa postura (em todos os âmbitos) que está em jogo em um curso de filosofia. Por isso filosofia é Filosofia, e não arte, ciência ou religião. Todos deveriam fazer filosofia uma vez na vida. Talvez o mundo fosse um pouco diferente se - com essa postura - as pessoas parassem para pensar, sobre si próprios, seus valores, suas convicções, seus hábitos de todas as estirpes. Filosofia é um balançar da carruagem, que só quem fez sabe de sua veracidade. É como um navio em auto-mar, que se vê com a necessidade de efetuar reparos, mas como não existe porto, nos reparamos em nossa viagem cósmica. Um pouco de revolta é bem vindo. E uma dose de resignação também faz bem. Afinal, é isso que vai me mover, no próximo dia útil, a sair no mesmo horário, fazer o mesmo trajeto, sob os mesmos aromas, pra tentar fazer a diferença. E ser mau visto com isso. Também quem é capaz de cometer um deslize, que é esse desabafo, deve - por obrigação - ser capaz de perceber, que agradar os outros, desde que o homem é homem, é fazer igual, ganhar fama, dinheiro, e desaparecer. Mas fazer diferente é assim mesmo, é irritante, frustrante, a pessoa é apontada, estigmatizada, caluniada... Mas a gente está evoluindo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Prometo escrever...

Prometo escrever, não sem antes prometer a mim mesmo, perante o mundo, que a qualquer momento, poderei deletar o que está escrito. Escreverei sempre que der na telha, e tiver coragem. Falarei por exemplo da pseudo-panacéia da liberdade de expressão (crer nisso é no mínimo ingenuidade). Uma promessa se dá no ato da fala (ou do gesto) do prometer. Não existe um documento ou contrato, como gostariam algumas pessoas mais exigentes e inseguras (como eu até ontem - pelo menos mais do que hoje); que exprima a promessa. Algumas promessas podem ser feitas até mesmo com o pensamento ou pela oração, podem ser coletivas ou individuais (podem ser cumpridas ou não). Dizem que prometer a Deus é bom, mas há quem diga que não devemos fazê-lo, afinal, Deus está acima de nossa inteligibilidade. Há até mesmo quem faça ameaças para quem descumprir promessas desse naipe. Eu mesmo já fiz algumas promessas cumpridas - neste sentido - e fui agraciado por milagres quase impercepetíveis. Também já prometi muita coisa, e descumpri todas elas no dia seguinte, e não percebi nenhum castigo sobrenatural. É que a maneira com que Deus se relaciona conosco ainda é oculta. Que venham os teólogos, místicos, sacerdotes, filósofos (crentes ou não), mas é preciso admitir que não sabemos. Ignorar isso é como por outro lado admitir voluntariamente em nome de uma cosciência crítica que Ele não existe, quando na verdade isso mais se dá por falta de percepção, ou - pra usar uma gíria - por ignorância assumida inconscientemente. Há quem diga que não se importa se estas coisas (místicas e/ou metafísicas) existem ou não, pois seriam todas inalcançáveis e portanto deveríamos todos nós nos calar. Saber que não se sabe é saber de algo não sabido, mas não deixa de ser uma etapa ou tipo da própria sabedoria humana. Sem passar por esta etapa, ninguém faz filosofia. Pode até ganhar o diploma, colecionar artigos e pós-doutorados, ter prestígio fama e relevância (para a área), mas este, não é um a filósofo autêntico. É que filosofia é causada pela admiração - é verdade - perante o desconhecido, mas isto que é oculto também ocasiona perplexidade; e isso afasta as pessoas da "prática teórica" autêntica. Difícil é se fazer entender bem por palavras sem passar por chato. Tem gente (mais de um) que foi condenado à morte - cada qual em seu tempo - por descortinar a tão almeijada verdade. Por isso a verdadeira filosofia dá medo. Os filósofos - dizem eles - também precisam se casar, ter uma prole filial, ter posses, bens materiais, isso tudo que uma pessoa dita vulgar também almeja ter. Toda vez que eu vou ao bar eu ouço a palavra filosofia. No boteco todo mundo é filósofo, artista e intelectual. Todo mundo nasceu pra ser gênio e devorar o sexo oposto. Todo mundo quer ser doido, chamado de maluco, mas poucos sabem definir em três palavras o que é a loucura. Esses guetos acabam, na maioria das vezes, criando crenças, desejos e hábitos tão sectaristas e ortodoxos como muitos que se dizem religiosos (embora estejam equivocados, sem o saber, mais uma vez), o fazem. Recriminar, discriminar, excluir é o que toda pessoa "normal" já faz diariamente, consciente ou não, sabendo ou não. Em nome dos bons costumes se exclui essa parcela, em nome do desregramento [me faltam adjetivos], se exclui os chamados "caretas". Sempre assim, com rótulos e esteriótipos das pessoas que nos cercam, e que são cercadas de escárnio, ódio e violência, nos intitulamos assim ou assado em nome de uma raça (aspas) "superior". (Estou prevendo um delete para este texto.) A raça é uma só:humana. Esssas pessoam não estudaram biologia, ou não entenderam, isto é, nunca souberam, embora jurem, prometam que sabem. Tem muita gente analfabeta que é mais sábio do que muito cientista, filósofo, religioso ou artista. Isso causa escândalo. A contra corrente, chamada vulgarmente de contra-cultura, é uma segunda face da mesma moeda. Também defendem um status quo, porém, dizem eles, "alternativo". (Vou logo avisando que se eu fosse me encixar num auto-rótulo, eu admitiria voluntariamente este, embora sempre de maneira crítica. Ser crítico significa ter maturidade, conceito distante da idade cronológica, da reputação, ou da capacidade em ganhar dinheiro. - Ser crítico neste sentido significa ficar à distância. Observar, de maneira contemplativa e crítica ao mesmo tempo. Uma análise racional aliada à intuição mística. Isto é fazer uma meditação dialética.) Estudamos, fazemos nossas faculdades, alguns seguem carreira outros não, alguns criam, outros operam (alguns cooperam); alguns são chatos e irritadiços, outros são bobos e alegres, alguns gastam dinheiro à toa, outros ganham muito dinheiro. Mas uma coisa esse povo tem em comum. Todos se acham o máximo. (E quantos não devem ter lido este texto até aqui, pra dizer que quem se acha o máximo é o autor da postagem.) A Verdade é asssim. Assusta, parece dificultar, dói, causa estranheza, gera raiva. Poderíamos citar o nome de muita gente que morreu em nome da Verdade. Sócrates na filosofia, e Jesus no espiritualismo, são os mais famosos. O primeiro veio ensinar que as pessoas estavam se comportando de maneira incoerente, o segundo, dizer que nos respeitássemos, e que adotássemos o maior grau de igualdade em todo o gênero humano. Foram odiados pelo status quo, ridicularizados pelos "alternativos da época", e morreram, e nome da verdade instaurada. Essa mesma verdade que todo mundo que diz que não gosta de filosofia diz combater, ou que quem é profissional em filosofia diz defender a "verdade correta". Repito minha mera opinião: pouco sabemos. Muito podia ser dito ou prometido. Mas receio em querer desvelar algo ainda oculto em todos nós, inclusive em mim. Digo abertamente que não sei, mas que creio existir, mas de uma maneira diferente, das apregoadas pelos diferentes "movimentos", sejam conciliáveis, ou não. A minha verdade, é que eu sou muito jovem, portanto não poderia ter maturidade suficiente para entender a Verdade. Mas já passei do limite incrível do vislumbre, seja os da arte, das diferentes religiões (ou de suas negações), do paradigma científico em voga (sem desmerecer suas realizações), ou mesmo das diferentes análises ou meditações filosóficas (sempre que leio estou disposto a aprender). Aprendi a respeitar o senso comum, na base do sofrimento, mas continuo desconfiado com boa parte de seus provérbios, e refuto-os claramente a alguns, e admito outros. Moral da estória, não somos muito diferentes das primeiras civilizações que cunharam a escrita para "fixar" sua sabedoria. Conselho administrativo: se recolher atrás de um standart ou máscara ou rótulo ou filosofia de vida não é mais admissível nos dias de hoje. Os jovens são assim, gostam de "se enturmar" em tribos, e chamam o mundo de "aldeia global". Criam novos estilos e escandalizam os mais velhos (o status quo) com suas vestes e atitudes "alternativas". Mas como dizia a mãe daquela cantora que está viva, mas que a outra foi desperdiçada; nos tornamos iguais; pelo simples fato de não amadurecermos. Somos crianças diantes das tecnologias ou conquistas científicas, somos amadores em nossas concepções artísticas (embora posssamos seguir padrões que nos dê fama, "reconhecimento" e um grande retorno financeiro), analfabetos politicamete (mesmo que usemos gírias e plavrões), cegos (vislumbrados) diante de tanta filosofia bonita que se vê por aí (tem para todos os gostos, e gosto é que nem biscoito, cada um tem o seu e não se discute), parecemos animais selvagens na época do acasalamento em nome de nossas religiões e/ou ideologias. Os coitados que pensam diferentes, que procuram meditar verdadeiramente (em seu íntimo apenas), ou aqueles que se propõem a ser críticos, são perseguidos, caluniados, e muitas vezes agredidos moral, física e psicologicamente diante do "desnovelo" da realidade. POr isso o caráter de trasitoriedade deste blog.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A intenção e o voluntarismo inconsciente da cultura brasileira: um manifesto pelo cinema político independente


 Por Tiago Penna

Tipicamente brasileiro é se deixar levar por influências e tendências hegemônicas sem maiores questionamentos críticos. Um dos últimos acontecimentos desta estirpe e que afetaram nossa mentalidade e modos de sentir e de pensar (e que posterior e inevitavelmente irá afetar nosso modo de existir), foi a moda do politicamente correto. Embora com um histórico nada virtuoso em termos políticos, nós – brasileiros – achamos “um barato” essa idéia de passar a agir certinho (pelo menos aparentemente), ou ao menos passar a falar de uma maneira que soe como se acreditássemos em um critério de verdade, que fosse realmente justo e humanitário. Assim, ao adotarmos o vocabulário politicamente correto, fomos capazes de produzir uma verdadeira assepsia conceitual que impede que a classe média – que no nosso país já pode ser considerada como abastada –, não se contamine com a miséria circundante, que de tão evidente e brutalmente exposta em nosso país, nos ameaça a cada instante de nossa vida (ou sobrevida). Além disso, podemos crer (inconscientemente), que nos comportando desta forma, poderemos expurgar nossa culpa latente (social, política e histórica), por tal quadro de miséria e usurpação da dignidade e da cidadania do povo brasileiro. Mesmo que nós apregoemos tais conceitos – que existem apenas em discursos teóricos persuasivos – e que, para isso, usemos falsos raciocínios como se fossem verdadeiros, e possamos fingir termos consciência política e histórica, enquanto na realidade nos afogamos em um mar de ignorância racionalista, que descreve a realidade de tal modo que esconde por debaixo do tapete as reais intenções políticas e morais  de nosso povo, camuflando o que parece desagradável nesta mesma realidade conjuntural (e que passa a ser estrutural, devido a esse mesmo gênero de modos de pensar), como a pequena ponta um iceberg, com sua imensa massa de gelo submersa.
Assim, formulamos máximas que evitam que certas ausências significativas em nossos semelhantes nos envolvam emocionalmente – ao passo que chamar todo e qualquer ser humano de semelhante já passa a soar cafona e piegas. Por isso, pregamos: não diga favela – que é um termo duro demais para o nosso conforto –, diga “comunidade”. Não diga que os miseráveis são marginais (pode soar pejorativo), então diga que eles são apenas um “grupo de risco”. Jamais ouse dizer o termo crianças de rua, isso pode baixar sua já afetada auto-estima (se ainda houver alguma), diga “crianças de alta complexidade”. Desse modo, como é evidente, os significantes – as pessoas aos quais os termos se referem – sequer entenderão que estamos a falar a seu respeito. Afinal, em um país de 30 milhões de analfabetos (ou  cerca de 15% da população), não é difícil deduzir que a escolaridade da grande maioria da população não é lá essas coisas; mesmo os possuidores de diplomas de nível dito "superior" talvez não possuam o mínimo decente de consciência política e existencial; enquanto em relação ao “povo” – que encarna uma parcela significativa da população quantitativamente, embora não qualitativamente - possamos ao menos lembrar que também são nossos co-cidadãos, e que, se é verdade que o homem é um “animal político”, cada um de nós também é responsável por todo e qualquer tipo de exclusão social. Além disso, ao usarmos este tipo de vocabulário, nós conseguimos manter nosso intelecto aparente e superficialmente livre de maiores conexões (psicológicas e ontológicas) com tamanha miserabilidade (social, econômica, espiritual, psíquica).
Deste modo, auxiliados pelas telenovelas brasileiras e pelo cinema holywoodiano, podemos sonhar que estamos no reino da fantasia, onde todos somos livres e temos direitos iguais e perenes, e que não há desigualdade ou injustiça social em nossa pátria amada: Brasil. Mas afinal, por que ainda despender dinheiro público para o cinema independente, em especial um curta-metragem autoral sobre as crianças de rua? Por que se falar de um tema dito tão banal e corriqueiro? Afinal, em todas as grandes cidades brasileiras, em seu dia-a-dia, todos que transitam pelas ruas inevitavelmente irão cruzar e se deparar com crianças abandonadas nos semáforos, cheirando cola, mendigando, fumando crack, enlouquecendo, se subnutrindo, ou fazendo truques de malabarismo em troca de uma mísera moeda, que ou poderia saciar parcialmente sua eterna “foros, cheirando cola, mendigando, ou fazendo truques de circo em troca de uma mtender vocabulcorreto.fome de tudo”, ou poderá realimentar sua ganância por drogas de baixo escalão, ou apenas amenizar sua mania, já inculcada em sua personalidade vazia, em mendigar sempre e todos os dias.
Podemos atestar que este quadro leva a população já ignorante e carente à esquizofrenia coletiva; enquanto nós – membros abastados da classe média – continuamos com nossa paranóia diante da possibilidade de agressão e violência tão ingenuamente (in)esperada por parte dos menos favorecidos, além da histeria essencial desta classe social em querer sempre mais e mais, para evitar a decadência de nível sócio-econômico, e termos que passar a sentir na pele por isso que tanto consciente quanto inconscientemente fingimos ignorar: a miséria em absolutamente todos os âmbitos humanos.
E continuamos a alimentar este sonho hegemônico e tradicionalmente brasileiro, desde as suas origens, de ficarmos ricos a qualquer preço, nem que para isso tenhamos que passar por cima dos outros e pisar em suas cabeças, porque afinal, como diz o refrão: “o mundo é dos espertos”, além de que desde nosso nascimento que somos estuprados, e já nos engravidaram durante tantos séculos com o engodo de que “ser feliz é ser rico, o máximo possível” (nem que para isso tenhamos que viver a vida inteira em função do dinheiro, em vez de vivermos a vida propriamente dita, ignorando de maneira grosseira que atualmente vivemos em função da mera sobrevivência, mesmo que elitista), e que sem dúvida tem implicações em todas as esferas da vivência humana: psicológicas, sociais, políticas, éticas, culturais, espirituais, e infelizmente também artísticas, inclusive; esquecendo-nos da já arcaica sabedoria ocidental que pregava a humildade, a compaixão, e a igualdade plena de todos os seres humanos, e que propunha como forma de felicidade nada mais que a serenidade de consciência. Ou como dito por um teórico da história, talvez pudéssemos atingir nossa dignidade humana plena se simplesmente nos empenhássemos por satisfazer a fome “tanto do corpo, quanto da fantasia” de toda a humanidade.

sábado, 9 de outubro de 2010

Em busca de sua essência.

Você é exigente demais consigo próprio, e - de quebra - com o resto do mundo.
Mesmo diante de suas incapacidades e limitações, você sofre.
Busca a felicidade, mas não sabe qual, nem onde, nem como...
Centre-se em sua vida!! Viva!! Vista-se de viver!!
Procure o sentido de sua vida em você mesmo, e não nos outros, no mundo à sua volta, ou até mesmo em Deus...
Deste modo, sua busca terá êxito. Você ficará feliz, e o mundo será uma felicidade. As pessoas perceberão sua felicidade e também ficarão felizes. Buscar o seu centro, a si mesmo, mas não em demasia, para não mergulhar demais, e afogar-se em seu próprio ego, e se perder. Jamais se sinta perdido. Seja são. Jamais projete sua salvação fora de si mesmo. Seja mais você.
Sua beleza, sua inteligência, sua vida pertencem a você. Sua busca está em você.
Conecte-se com a Força Maior amando.
Ame-se. Apaixone-se por você.
Assim, você estará apto para amar ao Senhor Deus, e amar as outras pessoas e criaturas da natureza.
Você encontrará sua pureza, e poderá distinguir o que há de impuro no mundo.
Opte por você. Não pelos vícios que você poderia adotar, como se eles fossem seus, e fizessem parte de sua essência. Procure se melhorar, procure sua evolução. Este é o primeiro passo para você se tornar virtuoso.
Que significa: estar equilibrado, e fazer uso de todas as suas potências, em prol dos seres vivos, a começar por você, e pelos que te rodeiam. E especialmente por aqueles que você irá começar a perceber, cada vez que você se tornar mais e mais virtuoso. Infinitamente.