terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Prometo escrever...

Prometo escrever, não sem antes prometer a mim mesmo, perante o mundo, que a qualquer momento, poderei deletar o que está escrito. Escreverei sempre que der na telha, e tiver coragem. Falarei por exemplo da pseudo-panacéia da liberdade de expressão (crer nisso é no mínimo ingenuidade). Uma promessa se dá no ato da fala (ou do gesto) do prometer. Não existe um documento ou contrato, como gostariam algumas pessoas mais exigentes e inseguras (como eu até ontem - pelo menos mais do que hoje); que exprima a promessa. Algumas promessas podem ser feitas até mesmo com o pensamento ou pela oração, podem ser coletivas ou individuais (podem ser cumpridas ou não). Dizem que prometer a Deus é bom, mas há quem diga que não devemos fazê-lo, afinal, Deus está acima de nossa inteligibilidade. Há até mesmo quem faça ameaças para quem descumprir promessas desse naipe. Eu mesmo já fiz algumas promessas cumpridas - neste sentido - e fui agraciado por milagres quase impercepetíveis. Também já prometi muita coisa, e descumpri todas elas no dia seguinte, e não percebi nenhum castigo sobrenatural. É que a maneira com que Deus se relaciona conosco ainda é oculta. Que venham os teólogos, místicos, sacerdotes, filósofos (crentes ou não), mas é preciso admitir que não sabemos. Ignorar isso é como por outro lado admitir voluntariamente em nome de uma cosciência crítica que Ele não existe, quando na verdade isso mais se dá por falta de percepção, ou - pra usar uma gíria - por ignorância assumida inconscientemente. Há quem diga que não se importa se estas coisas (místicas e/ou metafísicas) existem ou não, pois seriam todas inalcançáveis e portanto deveríamos todos nós nos calar. Saber que não se sabe é saber de algo não sabido, mas não deixa de ser uma etapa ou tipo da própria sabedoria humana. Sem passar por esta etapa, ninguém faz filosofia. Pode até ganhar o diploma, colecionar artigos e pós-doutorados, ter prestígio fama e relevância (para a área), mas este, não é um a filósofo autêntico. É que filosofia é causada pela admiração - é verdade - perante o desconhecido, mas isto que é oculto também ocasiona perplexidade; e isso afasta as pessoas da "prática teórica" autêntica. Difícil é se fazer entender bem por palavras sem passar por chato. Tem gente (mais de um) que foi condenado à morte - cada qual em seu tempo - por descortinar a tão almeijada verdade. Por isso a verdadeira filosofia dá medo. Os filósofos - dizem eles - também precisam se casar, ter uma prole filial, ter posses, bens materiais, isso tudo que uma pessoa dita vulgar também almeja ter. Toda vez que eu vou ao bar eu ouço a palavra filosofia. No boteco todo mundo é filósofo, artista e intelectual. Todo mundo nasceu pra ser gênio e devorar o sexo oposto. Todo mundo quer ser doido, chamado de maluco, mas poucos sabem definir em três palavras o que é a loucura. Esses guetos acabam, na maioria das vezes, criando crenças, desejos e hábitos tão sectaristas e ortodoxos como muitos que se dizem religiosos (embora estejam equivocados, sem o saber, mais uma vez), o fazem. Recriminar, discriminar, excluir é o que toda pessoa "normal" já faz diariamente, consciente ou não, sabendo ou não. Em nome dos bons costumes se exclui essa parcela, em nome do desregramento [me faltam adjetivos], se exclui os chamados "caretas". Sempre assim, com rótulos e esteriótipos das pessoas que nos cercam, e que são cercadas de escárnio, ódio e violência, nos intitulamos assim ou assado em nome de uma raça (aspas) "superior". (Estou prevendo um delete para este texto.) A raça é uma só:humana. Esssas pessoam não estudaram biologia, ou não entenderam, isto é, nunca souberam, embora jurem, prometam que sabem. Tem muita gente analfabeta que é mais sábio do que muito cientista, filósofo, religioso ou artista. Isso causa escândalo. A contra corrente, chamada vulgarmente de contra-cultura, é uma segunda face da mesma moeda. Também defendem um status quo, porém, dizem eles, "alternativo". (Vou logo avisando que se eu fosse me encixar num auto-rótulo, eu admitiria voluntariamente este, embora sempre de maneira crítica. Ser crítico significa ter maturidade, conceito distante da idade cronológica, da reputação, ou da capacidade em ganhar dinheiro. - Ser crítico neste sentido significa ficar à distância. Observar, de maneira contemplativa e crítica ao mesmo tempo. Uma análise racional aliada à intuição mística. Isto é fazer uma meditação dialética.) Estudamos, fazemos nossas faculdades, alguns seguem carreira outros não, alguns criam, outros operam (alguns cooperam); alguns são chatos e irritadiços, outros são bobos e alegres, alguns gastam dinheiro à toa, outros ganham muito dinheiro. Mas uma coisa esse povo tem em comum. Todos se acham o máximo. (E quantos não devem ter lido este texto até aqui, pra dizer que quem se acha o máximo é o autor da postagem.) A Verdade é asssim. Assusta, parece dificultar, dói, causa estranheza, gera raiva. Poderíamos citar o nome de muita gente que morreu em nome da Verdade. Sócrates na filosofia, e Jesus no espiritualismo, são os mais famosos. O primeiro veio ensinar que as pessoas estavam se comportando de maneira incoerente, o segundo, dizer que nos respeitássemos, e que adotássemos o maior grau de igualdade em todo o gênero humano. Foram odiados pelo status quo, ridicularizados pelos "alternativos da época", e morreram, e nome da verdade instaurada. Essa mesma verdade que todo mundo que diz que não gosta de filosofia diz combater, ou que quem é profissional em filosofia diz defender a "verdade correta". Repito minha mera opinião: pouco sabemos. Muito podia ser dito ou prometido. Mas receio em querer desvelar algo ainda oculto em todos nós, inclusive em mim. Digo abertamente que não sei, mas que creio existir, mas de uma maneira diferente, das apregoadas pelos diferentes "movimentos", sejam conciliáveis, ou não. A minha verdade, é que eu sou muito jovem, portanto não poderia ter maturidade suficiente para entender a Verdade. Mas já passei do limite incrível do vislumbre, seja os da arte, das diferentes religiões (ou de suas negações), do paradigma científico em voga (sem desmerecer suas realizações), ou mesmo das diferentes análises ou meditações filosóficas (sempre que leio estou disposto a aprender). Aprendi a respeitar o senso comum, na base do sofrimento, mas continuo desconfiado com boa parte de seus provérbios, e refuto-os claramente a alguns, e admito outros. Moral da estória, não somos muito diferentes das primeiras civilizações que cunharam a escrita para "fixar" sua sabedoria. Conselho administrativo: se recolher atrás de um standart ou máscara ou rótulo ou filosofia de vida não é mais admissível nos dias de hoje. Os jovens são assim, gostam de "se enturmar" em tribos, e chamam o mundo de "aldeia global". Criam novos estilos e escandalizam os mais velhos (o status quo) com suas vestes e atitudes "alternativas". Mas como dizia a mãe daquela cantora que está viva, mas que a outra foi desperdiçada; nos tornamos iguais; pelo simples fato de não amadurecermos. Somos crianças diantes das tecnologias ou conquistas científicas, somos amadores em nossas concepções artísticas (embora posssamos seguir padrões que nos dê fama, "reconhecimento" e um grande retorno financeiro), analfabetos politicamete (mesmo que usemos gírias e plavrões), cegos (vislumbrados) diante de tanta filosofia bonita que se vê por aí (tem para todos os gostos, e gosto é que nem biscoito, cada um tem o seu e não se discute), parecemos animais selvagens na época do acasalamento em nome de nossas religiões e/ou ideologias. Os coitados que pensam diferentes, que procuram meditar verdadeiramente (em seu íntimo apenas), ou aqueles que se propõem a ser críticos, são perseguidos, caluniados, e muitas vezes agredidos moral, física e psicologicamente diante do "desnovelo" da realidade. POr isso o caráter de trasitoriedade deste blog.